Posted by : Haos Cyndaquil Mar 19, 2018


Capítulo 29
Matrimônio


Serena puxou o ar pesado que rodeava a sala. Desta vez não mais sentia o aroma da maresia da parte costal de Kalos, mas sim um familiar cheiro de mogno e aromatizador de ambientes, que lhe de dava ligeiro enjoo. Aquela sala a deixava claustrofóbica. As estantes altas de madeira escura repletas de livros que ela jamais leu pareciam observá-la; os quadros de renomados artistas da região, intimidavam; oposta à porta, havia uma parede de vidro que revelava um imenso jardim, contrastando ao céu nublado e frio da área central de Kalos.


Ouvia o batucar dos dedos grandes do homem em sua mesa de escritório. Queria que aquele barulho cessasse o mais rápido possível, mas aquilo fugia ao seu controle. Se não por esse ruído, a sala era inundada por um silêncio sufocante; intimidador. Dentro daquele cubículo, era como se entrasse em um universo paralelo e assustador, que a perturbava por toda sua vida, onde perdia todo o seu poder e voltava a ser uma criança indefesa.
— Meses se passaram e não recebo nem um “olá”? — perguntou Stevan, sentando-se em sua cadeira, abrindo um sorriso fino.
Serena tinha os olhos marejados. Levantou-os para seu pai, trêmula. Contra a luz do lado de fora, Stevan mais parecia uma sombra inexpressiva que a observava.
— Como você pôde? — perguntou ela.
Stevan fechou os olhos. Apoiava-se em um dos braços de sua confortável e enorme cadeira, sem dizer uma palavra sequer. Serena queria levantar e chacoalhá-lo, implorar por uma reação. As palavras, mesmo não sendo gritadas, ecoavam pela salinha, na ausência de outros sons. Serena ofegava; olhou para as próprias mãos, nervosa:
— Nós combinamos, papai. — ela falou, segurando as lágrimas. — Você me prometeu.
O pai respirou fundo.
— Eu prometi que você poderia sair em uma jornada, Serena, mas sempre soubemos das condições para tal. — replicou ele.
— Eu tenho quinze anos. — retorquiu a garota, concisa.
— Exatamente, Serena. — assentiu. — Capturar Pokémons e conhecer o mundo é um desejo de uma criança de dez anos. Não de uma mulher.
Serena deu uma risada debochada.
— Talvez eu seja uma criança. — rebateu ela.
— Pois age como uma, às vezes. — Stevan arqueou uma das sobrancelhas.
A loura cobriu o rosto com as mãos, desacreditada.
— Pai, eu não posso casar… — ela disse, soluçando. — Eu nem conheço meu suposto noivo! Eu não posso abandonar tudo desse jeito…
— Você fala como se conhecer alguém fosse algo decisivo para você. — apontou o pai, com um tom sarcástico.
A garota hesitou.
— O que você quis dizer com isso? — perguntou ela, incomodada.
— Quando ia me contar que tem um criminoso andando com vocês? — inquiriu Stevan, se apoiando na mesa enquanto seu tom subia ligeiramente. — Que vocês levam ele para todo lugar desde que saíram de casa? Hm?
— C-como assim?
— Não me faça de idiota, Serena!! — bradou Stevan, socando a mesa. A garota congelou, e um silêncio se instalou após o som da madeira vibrando ressoar por todo cômodo várias vezes. — Vocês viajam com um moleque qualquer, que mal conhecem, e basicamente bancam todos os luxos dele! Você sabia que ele tem uma ficha criminal registrada em Lumiose?!!
Serena se arrepiou.
— Você não conhece o Charlie. — falou ela, reclusa.
Stevan jogou-se para trás na cadeira, abrindo uma risada escrachada de inconformidade. Seus olhos semicerrados focaram na garota, que não conseguiu encará-lo diretamente.
— E ainda por cima estão namorando. — disse, massageando a própria testa. — Acha que eu não ia ver você em um programa transmitido em toda a região?! Todos me ligaram perguntando quem era o garoto que você estava vendo, e claramente eu não sabia nem responder isso!
A respiração do pai tornou-se mais pesada. Sua voz agora já alcançava níveis mais altos, mas ele parecia tentar se controlar após as frases. A garota não evitava se recolher a cada pronunciamento, como se voltasse a ter cinco anos de idade e não tivesse para onde correr quando fosse tomar uma bronca de seu pai, não restando alternativas se não recluir-se em seus próprios braços.
— Eu não estou namorando o Charlie. — falou ela, subindo o olhar. — Ele é nosso amigo, e tem sido de grande ajuda desde o princípio.
Stevan riu.
— Se passando por você, por exemplo? — perguntou ele, provocativo.
A loura titubeou.
— Como assim? — indagou.
O homem abriu uma das gavetas da mesa de seu escritório e procurou entre um amontoado de papéis. Puxou algumas páginas específicas, e as jogou à frente, em direção a Serena. A garota alternou o olhar entre seu pai e as folhas, dúbia. Tinha medo de checar o que aquilo queria dizer. Ele fez um sinal com a cabeça para que ela pegasse nas próprias mãos.
— O que é isso? — perguntou ela.
Ele apontou para que ela olhasse. Serena levantou o pedaço de papel com calma, mas ficou nítido o quanto tremia quando tentou equilibrar a folha nas mãos. Era a cópia de uma carta, e a grafia era claramente rebuscada como a de seu pai. Apesar da pressão, ela tentou ler cada palavra com calma, até o final.
Olá, Serena,
Tenho tentado escrever a você há tempos, mas não tenho obtido resposta e isso me magoa seriamente. Como posso saber que está tudo bem se você não me retorna? Consigo apenas pensar em duas possibilidades para que isso esteja acontecendo:
1)      Você não está recebendo as cartas; então procurarei contratar um mensageiro próprio.
2)      Você está, por algum motivo que não consigo imaginar qual, as ignorando. Nesse caso específico, terei de ser mais autoritário. Tenho minhas maneiras de observá-la, minha querida filha. Não pense que não tenho recursos para encontrá-la e, na pior das hipóteses, trazê-la de volta caso necessário. Se quer continuar “livre”, então transmita-me confiança.
PS: Notei, por acaso, em algumas faturas, logo nas primeiras semanas que você saiu, gastos “para três pessoas”. Posso estar errado, mas você e Calem são apenas duas pessoas. Pergunto-me quem poderia ser a terceira, ou se estou apenas me enganando. Espero que possa esclarecer em sua carta para mim, a fim de tranquilizar-me, para caso seja algum erro do próprio banco possamos resolver.”
Serena ficou muda após terminar de ler, prolongando um pouco o tempo que fitava a carta enquanto pensava em uma resposta.
— Papai, desculpe, eu não havia recebido… — falou a garota, singela, por fim.
— Eu não duvidaria disso, Serena. — respondeu Stevan, puxando um outro pedaço de papel. — Mas a questão é que você me respondeu.
Ele atirou outra página, e se era possível que Serena ficasse ainda mais arrepiada, havia acabado de acontecer. Desta vez ela hesitou fortemente em pegar aquele segundo pedaço de papel, e desejou mais que tudo levantar e sair correndo daquela sala. Mas chegava um momento da vida em que isso não era mais uma resposta aceitável para os problemas. Droga de amadurecimento.
Enquanto lia as palavras da carta, Serena sentiu sua pressão cair.


Pai, 
  Peço desculpas por não ter conseguido respondê-lo. As cartas de fato não estavam conseguindo chegar até mim, mas consegui recuperar algumas delas. Não precisa se preocupar, está tudo ótimo, e a viagem está sendo incrível. Ah, e parece que havia um problema com a fatura dos cartões, mesmo. Não se preocupe, Calem já está indo resolver isso. Obrigada pela preocupação.
 Serena
As mãos da garota fraquejaram, e caíram sobre seu colo. Os olhos da menina ficaram fixos no chão, percorrendo até seus sapatos, subindo vagarosamente, com medo de alcançar o rosto de seu pai. Ele estava sério, parecia se deleitar com aquele silêncio mortal instalado no escritório.
No Parfum Palace. Charlie havia pegado meu diário. Aquele dia ficou marcado na minha cabeça, mas agora tudo fazia sentido. Ele não queria ler o que eu falava dele. Ele queria copiar minha letra para responder a meu pai. Minha mente não consegue explicar o porquê de ele ter feito isso, mas era a única explicação possível.
— A grafia de fato era parecida. O vocabulário… — ponderou Stevan, apontando para a carta. — Mas não era minha filha. Meses sem nenhum contato, e você me mandando uma carta destas… — ele riu.
— Deve ter precisado de um detetive para saber que não era eu. — disse Serena, para si mesma.
Stevan se levantou e caminhou a lentos passos até sua filha. Ficou parado na frente dela, com uma expressão impassível.
— Por que não me conta a verdade? — disse.
Serena olhou para baixo e assim ficou, teimosa. Stevan não se importava. Tinha todo o tempo do mundo naquele dia.
— Eu não queria responder você. — falou ela, com uma voz mais birrenta que gostaria. — Tinha medo que descobrisse onde eu estou, e me mandasse voltar.
Stevan abriu um sorriso.
— Como se eu não conseguisse descobrir onde você está. — rebateu ele.
Serena fez um sinal negativo com a cabeça, abalada.
— Eu não sei o que tinha na cabeça. — falou, com a voz falhando. — Mas virou uma bola de neve, eu não respondia por medo, depois esquecia… De repente achei melhor manter como estava e parei de ler as cartas.
— Até que seu amigo achou melhor se passar por você e me responder. — acrescentou ele, ríspido.
A garota fez um murmúrio baixo.
— Eu não sei por que ele fez isso, papai, mas eu sei que não fez por mal. — disse a garota, o encarando com uma expressão piedosa no rosto. — O Charlie só quer ajudar.
Stevan bufou, segurando com força em sua própria mesa.
— Como você pode confiar em alguém que não conhece? — cuspiu.
— Mas eu conheço o Charlie, pai! Conheço muito bem!
— Ah conhece? — inquiriu ele, subindo a voz. — Quem são os pais dele? Onde ele estudava? Qual o nome da rua em que morava? Onde exatamente ele estava um ano atrás?
Naquele momento Serena não se conteve. Cada pergunta que Stevan fazia subia em volume, e lhe atingia como uma pancada. Primeiro pela dor de ter seu pai questionando uma de suas pessoas mais próximas. Em segundo lugar, porque ela sabia que não tinha nenhuma daquelas respostas. No fundo, seu pai tocara em um ponto que a incomodou a viagem inteira. Ela nunca soube quem de fato era Charlie, e sempre hesitou por isso. Por mais que soubesse que não tinha más intenções, ela não o conhecia por completo, como ele a conhecia. E quando Stevan forçou esse ferimento, as lágrimas começaram a escorrer inevitavelmente.
— Eu…
— Vai me dizer que ele nunca traiu sua confiança? Que não trouxe coisas ruins a vocês dois?
Por mais que Serena soubesse que seu pai estava apenas a manipulando e forçando a odiá-lo, ele sabia fazer isso como ninguém. Aquela voz hipnotizante e autoritária atingia seu interior, e parecia puxar de dentro da garota imagens que ela lutava para esconder. Inevitavelmente todas as piores cenas percorreram sua mente; a vez em que o irmão de Charlie a torturou em Lumiose, e a traumatizou por todos os seus dias subsequentes. Ela quase sentiu uma dor, onde a seguraram. As lágrimas pesaram, molhando seu rosto e caindo no chão de madeira perfeitamente polido.
Naquele momento ela soluçava, e era o único som que preenchia a sala. Curvava-se na cadeira, tentando conter as lágrimas, mas era como tentar fechar uma torneira quebrada. Naquele momento toda a dor de sua jornada pesou nos ombros de Serena. Ela não precisava mais ser forte, não precisava se segurar. Não havia mais por que. Stevan permanecia parado, a encarando em silêncio.
Serena respirou fundo, tentando levantar os olhos. Mas não fitou Stevan cara a cara, porque sabia que isso a faria chorar novamente. Ele também não exigiu isso.
— Minha filha, o mundo é assustador. — ponderou Stevan, caminhando até a janela. Ficou por bons instantes a observar a beleza de seu jardim, se estendendo por muitos metros. — Eu não teria impedido você de sair há tanto tempo por nada. Eu só queria te proteger.
Ele abaixou a cabeça, encostando um pouco a cortina.
— Eu disse que esperaria pelo dia em que você voltaria. — falou, se virando. — Mas sei que você jamais cederia, porque é parte de sua natureza. Então eu a trouxe de volta.
Ele se aproximou de Serena. Ela tinha os olhos perdidos, vazios, como se não restasse mais nada dentro deles após chorar todas aquelas lágrimas. Tocou a no ombro, e ela não fez qualquer reação adversa. Apenas sentiu o peso dos dedos acariciando-a com cuidado, enquanto Stevan olhava para as prateleiras da estante, com retratos e conquistas da família.
— Minha querida, não é o sangue de Charlie que corre em suas veias. — disse ele. — É o meu. Eu não faria as coisas por querer seu mal. Acima de todos, eu sou a primeira pessoa a querer seu bem. Porque eu sou seu pai.
Ele parou de acariciar, voltando a se sentar em sua mesa, com cuidado.
— Eu planejo seu casamento há um tempo. Seu noivo é um homem cuja família conheço há décadas. Um rapaz honesto, intelectual, e que lhe proporcionará tudo de mais agradável em sua vida, porque sabe como você é a maior preciosidade que eu tenho. — explicou Stevan. — Você vai ser a mulher mais feliz do mundo, Serena. Eu lhe prometo isso.
...
Como na cena de um filme, o tique-taque do relógio na sala parecia o prenúncio de uma maldição que nunca chegava.
Charlie caminhava de um lado para o outro. Ele odiava isso. Mas não conseguia evitar, sua ansiedade precisava ser extravasada de alguma forma. Aldrick, Katheryn, Elliot e Vivian apenas observavam o garoto inconscientemente caminhar para as duas mesmas direções e, por mais que também ficassem incomodados, não ousavam impedi-lo. Eles mesmos tinham uma ligeira vontade de fazê-lo enquanto aguardavam por notícias.
— Foi uma manobra… — murmurou o garoto.
Os demais dirigiram-lhe o olhar. Charlie apoiou-se em uma das janelas da pousada em que estavam hospedados anteriormente em Shalour. Calem e Serena haviam partido para Vaniville Town, mas eles precisaram ficar. A pior parte de todas era ter que adivinhar o que estava acontecendo do outro lado de Kalos.
— Foi a droga de uma manobra que aquele idiota do pai dela fez para trazer ela de volta para casa e prender ela de novo. — proferiu o garoto, passando os dedos furiosos pelo vidro.
Os demais se entreolharam, abatidos. Aldrick se levantou, chegando um pouco mais perto. Sua voz sempre era mansa, e suficientemente calma para tranquilizar as pessoas. Ele conseguia ser a única pessoa a acalmar Katheryn, afinal de contas. Tocou suavemente Charlie no ombro, tentando consolá-lo.
— Charlie, sei que é difícil relaxar agora, mas vai dar tudo certo…
— NÃO VAI, PORRA! — gritou Charlie, se virando tão bruscamente que Aldrick retirou sua mão do ombro.
O brado fora tão repentino que todos levaram um susto naquele momento. Charlie ofegou, e logo voltou a ouvir apenas o som do relógio infernal na parede do quarto. A culpa não era de nenhum deles e não era justo descontar. Apenas sentou-se, cobrindo o rosto com as mãos, esfregando os olhos com força.
— Não vai dar tudo certo. — ele balbuciou, para si mesmo — O pai dela estava só esperando o momento para fazer isso. Ele queria prender Serena de novo.
Os outros permaneceram em silêncio. Já haviam percebido que não havia palavra dita no mundo que pudesse mudar aquela situação, a não ser que Serena aparecesse lá e dissesse que estava tudo bem. Mas não parecia algo próximo de acontecer.
...
Após as batidinhas suaves na grande porta de madeira, Stevan levou apenas alguns segundos para alcançá-la, puxando a maçaneta sem muita cerimônia. Logo que liberou a entrada, não disfarçou um pequeno sorriso de satisfação, caminhando tranquilamente até sua cadeira favorita. O rapaz entendeu o convite e adentrou o escritório, encostando a porta com calma. Sentou-se em uma cadeira do lado oposto da mesa, com um olhar sério estampado no rosto.
— Tio Stevan. — murmurou o garoto.
— Calem. — cumprimentou o homem.
O garoto passou uma das pernas por cima da outra, cruzando-as.
— Um golpe de mestre o seu, admito. — anunciou. — O que um ser humano desprezível não é capaz de fazer para arrastar a filha de volta para casa e fazer ela te dar mais riquezas.
Stevan soltou um longo suspiro, virando sua cadeira para que avistasse um pouco a paisagem ao fundo.
— Achei que você me entenderia, pelo menos. — respondeu.
Calem não evitou uma risada.
— Achou? Agora pelo menos não preciso mais esconder o quão repugnante você é. — retorquiu ele. — Você vai obrigar sua própria filha, com quinze anos, a casar com um homem que ela nunca viu. O quão doentio você é?
O tio virou a cadeira de volta com as sobrancelhas arqueadas, não parecendo muito contente com as palavras lhe disparadas.
— Mantenha a compostura. — manifestou, aumentando o tom de voz. — Parece que alguns meses na natureza deixaram você um tanto selvagem também.
Calem semicerrou o olhar, incomodado. Stevan passou o dedo nos lábios, igualmente não muito feliz.
— Você só precisava acompanhar Serena. — falou, gesticulando com simplicidade. — E fez exatamente o oposto, convidando um garoto que vocês acharam na rua para andar com vocês. Como posso confiar em você?! — inquiriu, nervoso. — E se ele fosse um assassino?
Calem encarou as próprias mãos.
— Falando assim você faz parecer que Charles…
— E não foi assim? — perguntou, arqueando uma das sobrancelhas. — Me conte como foi, então. — pediu ele, falsamente interessado.
— Fazer uma menina casar vai resolver esse problema de confiança?
— Desde o segundo que Serena completou quinze anos planejo esse casamento. — admitiu Stevan, se levantando. — Esse foi só o timing certo.
— Você não está garantindo a felicidade futura da Serena, tio. — interveio Calem. — Você está eliminando completamente. Ela nunca vai ser feliz.
— Ela vai. Ela vai aprender a ser feliz.
Stevan naquele momento recostou-se sobre sua mesa. Ele adorava fazer isso. Ficava mais alto que quem estava sentado, e podia encará-los por cima. A posição lhe dava poder, era apenas uma questão psicológica. Ele abriu um sorriso provocativo, apontando para o garoto com a mão.
— Por que está tão empolgado para voltar para sua vidinha de treinador Pokémon? Não vai me dizer que sonha em capturar bichinhos e vencer lutinhas, para ser um “mestre”? — provocou.
Calem naquele momento calou-se. Stevan abriu um sorriso maior em vitória.



— O problema de vocês jovens é que vocês deixam as ideias subirem à cabeça, e ficam cegos. — falou, caminhando um pouco pela sala. — Há gerações o casamento jovem se repete, e…
— Sou um cara clichê, mas já estou um pouco cansado de “tradições” ultimamente.
— Sabe por que elas existem? — perguntou Stevan, fazendo uma pausa. — Porque funcionam. E se repetem. E quando alguém tenta quebrá-las, percebe que não deveria. E a tradição retorna. É assim que elas se formam.
O menino soltou uma risada e balançou a cabeça, debochado, como se discutisse com alguém que não sabia ouvir o que não queria – o que era exatamente o caso. Stevan parou em frente ao garoto, com um olhar sério.
— Você nunca vai ser um mestre Pokémon, Calem. — disparou, deixando o garoto um pouco surpreso. — E isso não importa. Vai ser um excelente homem que irá levar os negócios de nossa família para frente. Isso está em você. — ele deu de ombros. — Ou, ao menos, na sua versão civilizada que deixou essa casa alguns meses atrás.
O rapaz viu-se pego de surpresa pelo comentário. Se ajeitou na cadeira, tentando formular um tom de voz centrado, mas não tardou a ser interrompido novamente.
— Quer parar de…
— Você é uma piada entre treinadores. — continuou Stevan apoiando-se sobre sua mesa com as duas mãos, em uma expressão que dividia-se entre a ira e a diversão, adquirindo um toque sádico perturbador. — Tem medo de Pokémon. Perdeu uma batalha importante para um rival que colocou o nome de nossa família em jogo.
— C-como você…
— Como eu sei? Eu sei de tudo, Calem. Sei de todos os seus fracassos, e acho que eles já foram suficientes para você entender que seu futuro é outro. — acrescentou, estendendo os braços.
Calem naquele instante ficou mudo. Sentiu seu coração disparar, enquanto as palavras finais gritadas de Stevan reverberavam pelo pequeno escritório. Seu ouvido vibrava com as batidas cardíacas. Depois de dias de dúvidas sobre seu futuro como treinador, ele parecia ter encontrado uma pequena paz, um conforto mínimo. Bastaram alguns segundos para que Stevan lhe mostrasse que aquela paz era apenas uma ilusão, e tudo voltasse a desmoronar.
Ele nunca havia sido um grande treinador. Ele era uma piada, até para seus próprios amigos.
O garoto queria retrucar, mas sentiu que não havia o que pudesse dizer. Contra fatos não há argumentos, diziam-lhe. Tudo o que foi capaz de fazer foi se levantar, ainda um pouco tonto, com as palavras dançando em sua cabeça. Stevan não escondia um pequeno sorriso no canto do rosto. Quando o garoto abriu a porta, sem se virar, ouviu pelas costas:
— Você pode brilhar. Pode mesmo. Mas você sabe que não é como um treinador Pokémon. — finalizou Stevan, sentando-se em sua cadeira.
O garoto encostou a porta e caminhou até seu quarto. Encarava o chão, cada detalhe do piso – que ele nunca havia reparado até então. Não conseguiu cumprimentar os parentes e trabalhadores que tentaram puxar assunto, pois sua mente estava tão distante que as palavras pareciam entrar por um ouvido e saírem por outro. A barriga revirava.
Chegou aos seus aposentos e olhou para as coisas jogadas em sua cama. Um conjunto de Pokébolas. Uma pequena caixa, com suas três insígnias conquistadas a muito custo. Alguns manuais de bolso sobre batalhas. Qual o valor de tudo aquilo, frente à verdade? Frente ao fracasso? Calem jogou os livros com força na parede, como nunca havia feito antes, impensadamente.
O barulho foi imenso, reverberando pelos corredores. Sua respiração pesava, e ele ficou assim, parado, vendo tudo chegar ao chão, sem valor algum. Em seguida recostou-se na cama, contendo as lágrimas o máximo que pôde. Elas não caíram.
...
— Açúcar?
— Não, obrigada.
Serena recostou-se na cadeira. Sentiu saudades das roupas confortáveis que usava em seu dia-a-dia. Aquele vestido a espremia na cintura, sendo que havia meses que não sabia mais o que era esse sentimento. Seus cabelos estavam presos em um penteado delicado, contendo as ondas louras atrás da cabeça. Ela pegou uma mecha rebelde e colocou atrás da orelha. Subiu os olhos azuis tristes para espiar aquele rapaz, e corou ao ver que a encarava.
Era alto, com certeza de pé ela não chegaria aos seus ombros. Tinha uma pele tão alva quanto a dela, e cabelos negros alinhados, caindo especialmente por um lado do rosto. Seus olhos tinham um tom de cinza tão escuro que pareciam uma nuvem carregada, fitando-a com admiração e interesse. Ele ocasionalmente dava uma ajeitada em seu terno. Talvez grande parte das garotas que conhecesse que estivessem lá se derreteriam por aquele rapaz.
Mas Serena não conseguia, porque sabia quem ele era.
O rapaz abriu um sorriso discreto, com um toque compassivo. Misturou o café com uma colherzinha, e admirou a paisagem ao redor. A mesa em que se sentavam ficava em uma área externa e reservada da mansão, fortemente arborizada. Um vento frio soprava, balançando as folhas das árvores que se estendiam frente àquele céu nublado.
— Acho que começamos de um jeito bem… Hm… Errado. — disse o moço.
Seu tom era calmo, e a voz poderia ser considerada encantadora. Mas não pela menina.
— Chamo-me Henri. — falou o rapaz. — Henri d’Ampierre.
Serena ficou em silêncio.
— Eu também não sabia que as coisas iriam acontecer assim tão… Rápido. — ele ponderou, suspirando. — Eu queria tê-la encontrado antes. Conhecido. Tenho certeza que é uma garota incrível, como seu pai me contou.
A menina continuou muda, com o olhar baixo e desamparado. Henri tocou-a no queixo, levantando sua cabeça.
— Seu pai me disse que seu sorriso era o mais lindo de Kalos. Mas ainda não tive a oportunidade de vê-lo. — ele abriu um sorriso.
Serena forçou os músculos para tentar articular um sorriso. Infelizmente, não parecia natural.
— Desculpe, eu ainda estou tentando lidar com isso. — falou ela, baixinho.
Henri tomou um gole de seu café, calmamente. O som do vento brincando com as plantas o reconfortava.
— Serena, sei que não posso mudar aquilo que nossas famílias fizeram até agora. — disse Henri com um toque sincero em sua voz. — Mas eu posso lhe prometer que farei tudo o que puder para vê-la feliz assim que nos casarmos.
Eu sabia que não era exatamente culpa dele. Talvez tivesse sido obrigado tanto quanto eu. Talvez esse fosse seu destino desde que nasceu, como o meu. Mas não havia outra forma de olhar para ele, se não como o próximo passo que eu daria rumo ao resto da minha vida, como o futuro que eu tanto lutei contra. Senti-me idiota. Por tanto tempo, acreditei que seria uma heroína. Uma guerreira. Que meu futuro estava tão aberto e livre como um livro em branco.
Infelizmente, este livro já foi preenchido por alguém. Talvez algumas pessoas nascessem para ser guerreiras; outras para serem princesas.
O sabor da liberdade era doce. Cada um dos dias que degustei dela valeram a pena. Mas talvez eu não estivesse mesmo preparada para tudo aquilo. Os dias amargos me marcaram mais que qualquer dia presa dentro daqueles portões. E, sem ter outra alternativa, restava-me apenas acreditar que as coisas melhorariam.
A garota soltou um longo suspiro. Felicidade. Já não parecia mais um sonho tão próximo assim.
— Obrigada. — respondeu, forçando um sorriso tão frágil que se desfez com o vento.
...
Charlie agradeceu aos céus quando não precisou mais esperar. Por mais que insistissem, ele não havia comido praticamente nada e nem saído do quarto. Encarava o Holo Caster de Aldrick incansavelmente, como se aquilo fosse mudar alguma coisa. Finalmente, depois de horas de espera, viu o objeto vibrando e tocando uma música qualquer, e correu imediatamente para atendê-lo.
Sua respiração ficou mais tranquila quando o objeto materializou uma pequena forma holográfica igual a Calem, que tinha uma expressão não muito contente no rosto, como de quem odiava estar se comunicando por aquele objeto.
— Calem! — exclamou Charlie.
— Eu odeio utilizar esse negócio. — resmungou o garoto, com o Holo Caster que ganharam de Lysandre, em Lumiose.
Apesar de ansioso, o garoto esperou algo ser dito. Calem abaixou o olhar, não muito feliz, e murmurou:
— O casamento vai ser daqui a uma semana.
Charlie sentiu um arrepio.
— Você falou com o pai dela?
— Falei.
— E então?
O garoto soltou um longo suspiro. Sempre restava para alguém dar as más notícias. Calem geralmente era essa pessoa.
— Acabou, Charles. — falou, por fim.
O outro tremeu, não modificando sua feição:
— Do que você está falando?
— Está tudo certo há tempos, não tem o que fazer. — explanou o outro, com a voz fraca.
— Você não falou com ele direito! Você tem que…
— Quer calar a boca e me escutar?
Charlie instantaneamente ficou em silêncio, apesar de sua vontade interior ser a de gritar um monte de orações sem nexo.
— Não há o que fazer. — falou Calem, com uma bufada. — Já está decidido. A Serena está desolada, mas no final concordou.
— Eu preciso falar com ela.
— É melhor não. — interrompeu. — Stevan sabe sobre você.
— O que exatamente?
— Tudo. Até coisas que ele não deveria saber. Que não teria como saber. Ele sabe até de uma batalha que eu enfrentei alguns dias atrás quando o Larvitar evoluiu.
Charlie sentiu um frio na barriga e se encostou em uma cadeira para não perder o equilíbrio. Era como estar em labirinto e qualquer caminho que se tentasse percorrer fosse na verdade uma armadilha, sem chance de fuga.
— Stevan não está brincando, Charles. Não há o que fazer.
— Calem, você está realmente escutando ele? Você está desistindo?!
— Não é questão disso. O tio Stevan sempre consegue o que quer. O melhor a se fazer agora é…
— …Desistir.
O menino suspirou. Aproximou o Holo Caster de seu rosto, de maneira que Charlie quase conseguisse ver ao vivo sua expressão desagradada de sempre. Mas, desta vez, seu rosto era apático, de alguém tão desiludido que não tinha mais energias para aquela discussão.
— Charles, foi divertido. — murmurou. — Foram meses que eu… Nunca pensei que viveria. Mas tudo acaba um dia.
— Não.
Charlie não conseguiu parar de tremer. Levantou-se de supetão, aumentando o tom de voz. Calem evitava encará-lo como se não quisesse aumentar a dor do momento. Às vezes era preciso fazer como um band-aid, e puxá-lo de uma vez para que doesse menos.
— Calem, por favor.
— Você foi um bom amigo, Charles. Me ensinou mais que eu pensei que poderia aprender.
— Calem, pare.
— Eu vou pedir para que Serena escreva a você quando estiver pronta.
— Calem, eu estou implorando.
— Eu preciso desligar. — falou Calem, cravando-lhe os olhos cinzentos tristes, mas falando em um tom tão sincero que Charlie nunca havia ouvido antes. — Obrigado por tudo, Charles. Eu nunca o esquecerei.
A imagem de Calem tremeluziu e logo Charlie estava sozinho no cômodo. Não havia Calem para levantá-lo e reclamar que estava sujando seus sapatos. Não havia Serena para dizer sua versão encantada e pura dos motivos do destino. Restava apenas o mesmo garotinho que outrora vivia sozinho pelas ruas de Lumiose, chorando porque não tinha ninguém. Ele disparou o Holo Caster na cama e permitiu-se cair no chão, desabando em lágrimas.
Um dia Serena lhe perguntara por que ele não conseguia chorar, e ele havia dito que esqueceu como fazia para as lágrimas caírem. Mas naquele momento ele se lembrou muito bem. A solidão era sua maior fraqueza. E naquele momento era o único sentimento que percorria seu corpo, consumindo-lhe por inteiro.
Ele ouviu vozes. Os demais amigos chegaram, e logo que viram a cena, correram para acolhê-lo. Aldrick e Katheryn puxaram o garoto, cujo rosto estava tão vermelho que ficaram assombrados por um instante.
— Charlie, o que aconteceu?! — indagou Kath.
— EU ESTRAGUEI TUDO! — gritou o garoto, como uma criança.
— Charlie, a primeira coisa que fazemos é nos culpar… — murmurou Aldrick. — Mas não faça isso, não é culpa sua…
— Se eu não tivesse implorado para andar com a Serena o pai dela não obrigaria a voltar!! Se eu tivesse ido embora em Lumiose depois de colocar eles em perigo estaria tudo bem agora!! — o garoto não conseguia conter que mais lágrimas caíssem. Depois que elas encontraram o caminho para fora, não dava mais para segurá-las.
Charlie limpou o rosto com a blusa.
— Ele sabe de tudo, eu não sei como que…
De repente, foi como se um relâmpago o atingisse. Todas as palavras começaram a se juntar em sua cabeça, como peças de um quebra-cabeças que finalmente ele era capaz de montar. “Stevan sabe sobre você” disse Calem. “Até coisas que ele não deveria saber. Que não teria como saber” Ele sentiu um frio imenso no estômago.
Faz tempo que você viaja com eles?” a voz de Elliot reverberou em sua mente. “Onde está a sua família?”
Ele levantou os olhos, e se deparou com o garoto de cabelos castanhos o encarando ao longe.
— Você. — apontou.
Instantaneamente, os amigos tomaram um susto quando Charlie avançou direto da cadeira em direção a Elliot. O garoto desferiu um soco imediato em sua face, fazendo Vivian soltar inevitavelmente um grito de susto. Aldrick e Katheryn correram para tentar pará-lo, mas Charlie parecia possuído por uma energia furiosa que nunca haviam visto antes.
— O que você está fazendo?! — indagou Aldrick.
— Charlie, por favor, pare!! — implorou Elliot.
— Você!! — gritou o garoto, em fúria. — Você me dedurou!
— Charlie você está delirando! — interveio Katheryn, tentando puxá-lo.
— Eu nunca faria isso! — choramingou o garoto.
Charlie abriu os braços, empurrando Kath e Aldrick para trás inevitavelmente. Em seguida suspendeu o outro garoto pela gola de seu traje, jogando-o contra a parede. O menino ficou a se debater no ar, balançando as pernas buscando ar.
— A culpa é sua, seu traidor de merda!! — gritou Charlie, o soltando e dando mais um soco no rosto.
Elliot caiu no chão, cobrindo o rosto. Emitia um som como um choramingo. Todos congelaram em suas posições, enquanto Charlie ofegava, a mão latejando com o impacto, suja de sangue. Aos poucos o som de Elliot dava abertura para uma pequena risada quase indecifrável.
— Stevan mandava cartas porque não sabia quase nada do que estava acontecendo com Serena. — cuspiu Charlie. — Coincidentemente, um “viajante” novo começa a andar conosco, e ele descobre tudo. O pai de Serena mandou você aqui, não é?! Seu avô nem mora em Shalour!
Elliot aos poucos descobriu o rosto, revelando vários machucados que desfiguravam ligeiramente sua feição. Contudo, não escondia um sorriso.
— Sim, Charlie. — respondeu, por fim. — Foi ele. E não, meu avô morreu há três anos.
Charlie bagunçou os próprios cabelos, incrédulo.
— Desde que você enviou aquela carta estranha para ele, ele resolveu tirar a prova de o que estava acontecendo. — explicou Elliot, não desfazendo o sorriso, ainda no chão. — Ainda mais quando apareceram nos jornais que vocês estavam namorando.
— Por que você está me contando isso? — indagou Charlie, segurando-o pela gola, ameaçando um novo golpe. Aldrick tentou impedi-lo.
— O que eu tenho a perder? — murmurou o garoto, confiante. — Quer me bater? Bata. Mas a única coisa que eu fiz foi comunicar da sua existência. O resto é com o pai dela. E o casamento vai acontecer, eu apanhando ou não.
Charlie sentiu-se tão enojado que largou o garoto, fazendo-o cair no chão. Elliot limpou o sangue da boca com a manga de sua blusa, agora já toda suja.
— Como você pôde fazer isso?! — inquiriu Charlie, aos brados. — Serena olhou nos seus olhos e convidou você para andar com a gente. Ela confiou em você. Ela te ajudou. E você colocou ela no fogo!!
— E você?! — gritou Elliot de volta, se levantando. — Acha que não sei de onde você vem? Acha que eu não sei do risco que você oferecia para aqueles dois?
Os olhos de Charlie reluziram em ira, mas o outro não se intimidou, apontando-lhe o dedo.
— Você é o verdadeiro egoísta. Que coloca todos em perigo só para ter seu “conforto”. — falou, balançando a cabeça. — Queria que acontecesse com Serena o mesmo que aconteceu com a Emma?
As palavras atingiram Charlie como um tiro. O garoto voltou a suspendê-lo pela gola da camisa contra a parede do quarto. Aldrick, Katheryn e Vivian permaneciam congelados, abismados com toda a situação, incapazes de interromper aquele diálogo que parecia pegar fogo. Charlie não escondia as mãos trêmulas.
— C-como você…
— Nós sabemos muito sobre você, Charlie. — continuou Elliot, com um sorriso confiante. — Vá em frente. Bata em mim. Mas a verdade é que vocês já perderam.
Charlie o encarou tão incrédulo, que sabia que não havia soco no mundo que extravasasse toda a sua raiva e indignação naquele momento. A única coisa que conseguiu fazer foi largar o garoto, afastando-se devagar. Encarou as próprias mãos, sujas de sangue, vibrando com a ansiedade e a adrenalina. Lançou um olhar indignado para o outro no chão, dando-lhe um chute fraco.
— Você é nojento. — balbuciou.
Em seguida começou a caminhar para fora do quarto, tendo seu braço segurado por Aldrick.
— O que você vai fazer? — indagou o loiro.

— Eu tenho uma semana para impedir que a Serena cometa o maior erro de sua vida. — respondeu Charlie.

    

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  1. finalmente conseguindo ter um momento pra (levar tiro, passar altos nervouso) ler, to loca desde que vi o cap postado
    enf
    ai minha nenemzinha presa de novo nesse terror de lugar >: MAS TÁ TUDO BEM SERENA EU TO INDO INVADIR AÍ E DEMOLIR TUDO
    Meses se passaram e não recebo nem um “olá”? > VOCÊ NÃO MERECE ISSO SEU NOJENTO
    mds mano eu quero espancar esse cara plMDDS
    ELA /É/ UMA CRIANÇA, E AINDA POR CIMA UMA CRIANÇA QUE NUNCA VIVEU NADA POR TUA CAUSA, ELA TEM TODO O DIREITO DE SAIR PELO MUNDO (ESPECIALMENTE PRA BEM LONGE DE VOCÊ)
    well, claro que ele já sabe do charlie (até pq, mesmo que não soubesse, depois do showcase....... mas tbh ele já devia ter uns espiões atrás da menina anyways)
    E ainda por cima estão namorando > DEUS QUE ME DIBRE, TÁ NEM PERTO DISSO
    oh shit, as cartas, indeed. charlie devia ter falado com ela >.>
    (tho, tbh, mesmo que a propria serena respondesse, ele totes ia trazê-la de volta. we all know that. pais abusivos querem sempre manter o controle)
    Tenho minhas maneiras de observá-la, minha querida filha > see
    Mas chegava um momento da vida em que isso não era mais uma resposta aceitável para os problemas. Droga de amadurecimento > um mood desse
    migo se tu acha que a carta dela seria muito mais que isso, tá muito loco mesmo :v PLS ELA NEM DEVIA RESPONDER MESMO
    mds o stefan é TÃO nojento, eu só queria poder torturá-lo, OLHA QUEM TÁ FALANDO DE TRAZER COISAS RUINS PRA MENINA NÉ
    Eu só queria te proteger > a propria gothel falando né nom
    você quer é controlar a menina, teu babaca. isso nunca teve a ver com preocupação ou cuidado
    Eu Não Quero Seu Mal, ele diz, enquanto serena perde qualquer sinal de vida em seus olhos. tá fazendo muito bem sim :)))))
    quem raios planeja um casamento pra uma menina de QUINZE ANOS e diz que tá fazendo bem mds
    oh, o calem foi tambem?? somehow this is better but also DAMN TODO O RESTO DA EQUIPE FICOU PRA TRAS, TAVA ACHANDO QUE CAL IA FICAR E ELES TUDO IAM BOLAR UM PLANO DE RAPTAR MENINA SERENA DE VOLTA, MAS PORRE E_E
    aldrick sei que tuas intenções são as melhores mAS NÃO DÁ PRA RELAXAR AGORA
    O CALEM SENDO DIRETISSIMO E TOTAL SINCERO, TE AMO MANO
    QUE COMPOSTURA LIDANDO COM UM SER DESPREZIVEL COMO VOCÊ, ELE ATÉ QUE TÁ MUITO DE BOAS, EU JÁ TERIA MANDADO MEU TEAM INTEIRO TE PISOTEAR
    alias porre cal tu tem um poke venenoso e uma espada amaldiçoada na equipe, deve dar pra fazer algo na surdina pra despachar esse cara

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    1. ele lá liga pra felicidade dela pls
      ELE TAVA MUITO BEM SEGUINDO COMO TREINADOR VIU, EM VIAS DE SE TORNAR UM CAMPEÃO
      como se discutisse com alguém que não sabia ouvir o que não queria – o que era exatamente o caso > right???? to dizendo, para de conversa, só manda teu pupitar demolir tudo e se manda com a serena
      cacete o cara realmente mandou espião atras deles a jornada toda, vsf
      SE SABE DE TODOS OS FRACASSOS, SABE DE TODAS AS VITÓRIAS TAMBEM, MAS VEJO QUE TU ESCOLHE IGNORAR CERTAS COISAS BEM IMPORTANTES NÉ
      ai mano tadinho do cal >: NÃO LIGA PRA ELE, TU SABE QUE ELE É UM NOJENTO QUE JOGA COM AS PALAVRAS, TU SABE QUE NADA DISSO É VERDADE
      é o carinha de mystical messenger gente??
      e ai minha nenem com todos esses incomodos que totalmente não merece, nesse ambiente que totalmente não é o dela, nÃO AGUENTO MAIS UGH
      Tenho certeza que é uma garota incrível, como seu pai me contou. > she is, but totally not as her father sees, totally not as he wants
      AI MINHA BB EU PRECISO TANTO TE RESGATAR, TU É UMA GUERREIRA SIM, MINHA LINDA PRINCESA DESTINADA A COISAS GRANDIOSAS E UM BELO FINAL FELIZ ESCRITO POR VOCÊ MESMA
      CLARO QUE TEM O QUE FAZER, COLOCA TUA CABEÇA PRA PENSAR CAL, TEM QUE TER
      (e sigo gritando que tu tem armas poderosissimas em mãos com teu team ein)
      mano, o calem agradecendo ao charlie............ é quando tu percebe que ele realmente desistiu, ele realmente acha que nunca mais vai voltar pra essa vida (pra vida que vale a pena) ai bicho eu vo chorar no meio da facul
      ai, charlie, não se culpe mesmo >: it's not on you, você foi só a desculpa que apareceu, mesmo que tu nunca tivesse falado com eles, aquela praga arranjaria outra pra pegar a serena de volta
      qUE. COMASSIM O ELLIOT. ELE ACABOU DE APARECER. Q U E
      MANO COMASSIM ELLIOT DO CÉU COMO QUE É EU TO MUITO PERDIDA
      EU QUERO SOCAR ESSE MOLEQUE SE ELE REALMENTE É ESSE NOJENTO QUE PARECE MAS AO MESMO TEMPO ????? QUE???????? HOW????? EU TO SENTINDO MINHA CABEÇA GIRAR
      E TIPO QUE QUE ELE GANHA??????
      ALSO ELE SOA JÁ CONHECER O CHARLIE DE ANTES??????
      A EMMA QUE PERA
      PLMDDS CHARLIE FAZ ALGO MESMO, VOCÊ PRECISA SALVAR A SERENA E O CAL (E PLMDDS AL E KATH, VÃO JUNTO)
      CACETE EU NÃO TO ENTENDENDO MAIS NADA E TÁ TUDO EXPLODINDO PQP

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    2. HIASHDAISUDHAISUDHASIUDHASIUDAS Acho que o fim do comment resume tudo muito bem
      Fico feliz que o capítulo conseguiu manter esse hype de conflito e principalmente causado essa revolta (muito justa). Isso tudo que você disse é muito real: a questão não é o Charlie ou uma carta. Tudo isso são só elementos que o Stevan usa para aumentar a força do seu discurso e se convencer de que está fazendo a decisão certa. Ele mesmo disse: eu planejo isso desde que ela fez quinze anos (e imaginamos que bem antes disso). Desde o começo da história isso sempre esteve nos planos do Stevan, por seus motivos, e provavelmente há tempos isso já vem sendo organizado - afinal, não se faz um evento deste porte em uma semana só, né - restando apenas avisar... A própria Serena.

      Nesse ponto a Serena já praticamente desistiu, e o Calem também. Eles lutaram a vida toda contra essa força da família, e chegou um momento que eles não veem alternativa, sabe? O Stevan sabe convencer os outros com sua autoridade, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer. É isso que ele quis mostrar. O único que ainda tem forças para fazer um esforço é o Charlie, mas resta agora a gente saber se essa energia de fato é suficiente para impedir algo tão grandioso e combater tanto poder assim. Obrigado pelo comentário, Anne, e aguardo você no próximo capítulo!! <33 o/

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  2. PLOT TWIST!!!

    meu haos, eu não acredito no que acabei de ler!

    coitadinha da serena, o pai dela é horrível, super mente fechada e tradicional, até dá pena do senhor... MENTIRA SÓ DA NOJO MESMO!!! eu adorei ver o calem a enfrentar o tio e espero sinceramente que ele repense a sua decisão! ele não pode desistir! HELL TO THE NO!

    o charlie foi outra peça chave neste capítulo: o seu passado voltou a assombrá-lo, mas na realidade, nem tudo é culpa dele pois pelos vistos, stevan já tinha isto planeado há muito tempo... mas é interessante vermos que quando um deles está mal, todos os outros também estão... quase como uma família! e muita mais real e unida que aquela que liga serena ao pai...

    E ESSE ELLIOT PORRA!!! EU SABIA QUE ELE NÃO ERA ASSIM TÃO INOCENTE!!! eu adorei essa cena onde o charlie se transformou numa annalise keating e ligou os pontinhos e partiu para cima dele!

    AGORA TEMOS QUE IR SALVAR A NOSSA PRINCESA!!! GO CHARLES!

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  3. Você fez um baita trabalho marketing com o Capítulo 30 mano, porque quem estava atrasado com Kalos foi pego totalmente desprevenido com a notícia do casamento da Serena. Quando eu vi o convite fiquei tipo: MASOQ, FAZ TANTO TEMPO ASSIM QUE NÃO LEIO A FIC DO HAOS? kkkkkk E analisando o conjunto como um todo, você construiu toda a primeira temporada até esse ponto, cara. No momento em que os jovens saíram de Vaniville você já tinha isso em mente? Eu sei que muitas ideias boas surgem conforme a história progride, mas parece que você sempre teve esse casamento como a sua carta na manga. Desde a apresentação no show até a cena hyper discreta do Charlie lendo o diário da Serena, mandou muito bem nos detalhes. Ah, e excelente trabalho com o Elliot em torná-lo um cara bem neutro, assim podemos descer porrada nele sem remorso kkkk

    Sabe, na primeira conversa do pai de Serena com a filha, eu entendi o ponto dele. Eu venho uma família tradicional também, nada comparado a ter que se casar e tudo o mais, mas vamos seguir a ideia de herdar uma empresa, por exemplo. Isso sempre mexeu com o meu senso do que querer para a vida quando eu fosse adulto, mas tive sorte de ter pais que me apoiavam em qualquer decisão. Às vezes precisamos quebrar a cara também, sabe? Ver que aquele nosso sonho era uma merda e teria sido melhor ouvir os mais velhos... Mas acho que a vida já é tão cheia dessas merdas... por isso as histórias de fantasia existem. Queremos ver a princesa ser resgatada no final, só queremos a felicidade dela. De decepções já basta a vida. Você abordou um tema pesado e tem mostrado que sabe como trabalhar com ele, eu adoro quando o autor leva algo da realidade para discutir com todos os públicos! Estou ansioso para a conclusão dessa temporada. Vamos lá, mostre o que faz as pessoas amarem contos de fada!

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    1. UAHSDUAHSUD Eu tinha essa ideia do convite de casamento planejado pra dar um susto no pessoal, e não é que deu certo?? Pra ser 100% sincero contigo eu não tinha a ideia fechada desde o começo. Mas sempre deixei algumas pontinhas abertas para algumas possibilidades como essa da temporada. Mas sim, faz um tempão que penso nisso, pelo menos desde todo aquele papo da carta e do diário. Pensei: vão me matar por demorar pra revelar isso, mas vai valer a pena! UAHSDUAHSD

      E eu achei muito bacana que você olhou pelo lado do Stevan nesse ponto. Não que ele esteja certo em forçar a Serena a tudo isso, mas não é um pensamento anormal em famílias que são mais tradicionais. Na cabeça dele ele pensa que todo o sofrimento que ele causa à filha de alguma maneira é justificável. Eu pretendo abordá-lo ainda mais na próxima temporada e revelar um tanto do passado dele. Estou muito ansioso pra isso, porque planejo há um certo tempo! Falta ver exatamente onde encaixar tudo, mas espero que seja muito em breve!!

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  4. Cara, tu invocou meu ódio! Morte ao pai de Serena! Morte à Elliot! Filhos duma Kenga!

    É sério, eu fiquei com muita raiva, muita mesmo. Cara, é algo excepcional o que ocorreu quando eu tava lendo, tu puxou um sentimento da gente que poxa vida... É inacreditável.

    Vou ao próximo capítulo esperando ver Charlie ir até lá.

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