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Notas do Autor - Royal Emperium #3


Olá, pessoal!

De volta com mais um curto capítulo da Royal Emperium, hoje nos aprofundamos um pouco em alguns personagens. Só como esclarecimento, esse capítulo teoricamente se passa entre os episódios 26 e 27, entre a evolução do Pupitar e a batalha com a Korrina. Eu não o havia terminado antes de postar o capítulo 27, portanto coloco ele depois, mas sei que vocês entendem o contexto! Aos poucos vamos conhecendo os personagens da guilda, especialmente uns novatos que ainda não haviam aparecido, como a Skrelp, o Tyrunt, e o Kecleon. Espero que gostem do especial!!

Royal Emperium #3

Capítulo 3 - Royal Emperium
Noite

— Senhor.
Após as três leves batidinhas na porta de madeira do dormitório, a torre ficou inundada por um silêncio mortal. Theodore balançou de um lado para o outro, nervoso, batucando com os dedos inquietamente a bandeja branca cheia de alimentos recém-preparados por ele mesmo. Mary encostava na parede ao seu lado, a boca aberta e uma expressão de expectativa.
— Senhor. — repetiu o Magikarp, batendo novamente. — Trouxe algo para comer.
Desta vez a porta foi aberta, fazendo um rangido das fechaduras. Theodore deu inevitavelmente um passo para trás ao se deparar com seu líder em um olhar tão fechado que sentiu as pernas bambearem. O rapaz parecia maior que o usual, mas estava sem sua costumeira armadura, vestindo algo como um pijama despojado, unicamente. A expressão era de profundo cansaço e decepção.
— Obrigado. — disse, a voz mais grossa que geralmente, com um tom sério tão amargo que o Magikarp ficou sem saber o que dizer.
— Eu… Hm… Queria parabenizá-lo por, sabe, evoluir. — falou, tropeçando nas próprias palavras.
Neal pegou a bandeja e acenou com a cabeça, sem energias.
— Obrigado, Theodore.
Em seguida, fechou a porta mais uma vez. O bobo-da-corte ficou parado, cabisbaixo enquanto fitava a porta, como se aguardasse que seu líder a abrisse e dissesse “está tudo bem, não se preocupe. Entrem, vamos conversar”. Mas sabia que aquilo não aconteceria, poderia ficar ali parado a noite toda esperando, que teria apenas a porta para observar.
— Eu nunca o vi assim. — murmurou ele.
— Nem a minha brincadeira de sempre fez ele rir. — comentou Mary, frustrada. — E funcionava todas as vezes.
— Ele queria muito vencer o grande Magnar. E quando o dia chegou… Não foi capaz de defender a guilda. — suspirou o Magikarp.
Magnar era o líder da Iron Helmet, uma guilda quase tão nova quanto a Royal Emperium, mas que ascendera em tão pouco tempo que se tornou um destaque entre as guildas jovens de Kalos. Sobretudo, o guildmaster era um antigo rival de Neal, desde que eram apenas crianças em outros tempos. No primeiro combate de verdade entre os dois, tempos depois, a derrota do Pupitar foi inevitável, mesmo com sua evolução.
— Só espero que ele melhore logo. — disse Theodore. — Logo terá uma batalha decisiva no Ginásio de Shalour, e não sei se ele suportaria outra derrota.
Nas fronteiras da Royal Emperium, o clima era consideravelmente mais leve. Tiberius, o segurança e guardião da guilda, permanecia estático em sua posição de vigília – o corpo enorme estufado e uma expressão neutra na face, monitorando os arredores caso alguém ameaçasse uma invasão, o que não se esperava que acontecesse. A noite estava em uma agradável temperatura, e àquela distância apenas os barulhos da natureza o tiravam da quietude noturna. A lua tinha um tom forte de amarelo, envolta por várias estrelas distribuídas pelo céu como uma malha toda pontilhada.
O silêncio foi interrompido quando de súbito ouviu um grito em sua direção.
— AHHHHHÁ!!!!
Alguém saltou na direção do guarda, atingindo-lhe com o pé em um golpe. Tiberius, todavia, sequer se importou muito, apenas virando suavemente a cabeça para ver de onde era atacado. Em seguida, levantou o invasor com uma das mãos, pendurado. Era uma garotinha de tranças, cujo chapéu caiu quando foi erguida de ponta-cabeça. Ela se debatia inquietamente, sem muito sucesso.
— Ei! Me solta, seu… Seu… Gigante de milênios atrás! — reclamou ela, dando socos no ar.
— Destruir inimigos. — murmurou o guarda.
— Eu não sou inimiga, seu infeliz! — ela retorquiu, nervosa. — Sou da guilda!
Tiberius ficou a ponderá-la.
— Por que amiga ataca guilda? — indagou.
— Porque… Bem… — a própria menina ficou sem uma resposta imediata. — Porque eu estava testando sua segurança. E ela foi aprovada. Por enquanto.
Agnes era incapaz de ficar quieta em seu canto. A todo momento gostava de estar em atividade e às vezes acabava por provocar os outros, apenas para estar em uma luta. Ainda era uma novata dentro da guilda, mas chamava a atenção por suas habilidades, sendo tão apta guerreira da água, como hábil com venenos.
Enquanto os dois debatiam, Austin, o Skiddo, apareceu correndo portão afora. O rapaz não tinha uma expressão muito contente no rosto, andando a passos rápidos, quase trotando.
— O que está acontecendo aqui exatamente? — inquiriu. — Não podem esperar para invadir a guilda quando meu turno acabar?
— Guardião da Torre! — gritou Agnes, apontando para ele. — Eu o desafio para uma batalha!
Mason levantou uma sobrancelha, apoiando as mãos nos joelhos para ficar na altura da garota ainda suspensa no ar pelo guarda.
— Ei, calma lá. O que que eu tenho a ver com isso? — reclamou ele.
— Me enfrente, bode! Quero ver se é capaz de defender sua guilda. — falou ela, com a confiança de quem não estava sendo imobilizada por um guerreiro de dois metros.
— Eu não estou aqui para defender nada. — disse, dando de ombros. — Por isso temos o grande Tiberius cuidando de nossa fortaleza.
— Então você se rende? — perguntou ela.
— Quem é você, mocinha, para desafiar um membro veterano? — perguntou ele, arqueando as duas sobrancelhas.
Tiberius, naquele momento, soltou a garota, de maneira que caísse no chão. Contudo, ela se levantou tão rápido que sequer poder-se-ia dizer que sofreu algum dano com o impacto. Ela apoiou as mãos na cintura, confiante, o peito estufado e cheio de pompa.
— Eu sou Agnes, a besteira mais poderosa da região. — disse, com um sorriso firme.
— Besteira? — perguntou Austin.
O guerreiro de grama começou a gargalhar com o nome, enquanto a menina ficou a observá-lo a princípio confusa, mas em seguida furiosa. Ela desferia alguns soquinhos no ombro do rapaz, que não conseguia parar de rir.
— EU ESTOU FALANDO SÉRIO, SEU DESGRAÇADO! — disparou a menina. — Besteira, de quem usa uma besta!!
O Skiddo parou por um momento e a observou, mas bastaram poucos segundos para que continuasse rindo ainda mais, precisando agachar no chão para tentar se conter. A garota quase soltava fogo pelos olhos, mas nada que fizesse impedia que o garoto gargalhasse espontaneamente.
— É UMA ARMA! Essa daqui, ó! — resmungou, estendendo o objeto que carregava consigo.
Passaram-se mais alguns bons instantes até que o rapaz conseguisse se conter um pouco, limpando as lágrimas que formaram inevitavelmente no canto do olho. Agnes ainda tinha um olhar fuzilante em seu rosto. Ele se levantou, afagando o cabelo da menina.
— O.K., então vou te chamar de Bestinha agora.
Agnes vociferou, chutando a canela de Austin. Tiberius abriu um pequeno sorriso, parecendo se divertir.
— Bestinha. — repetiu consigo, parecendo gostar da brincadeira.
Austin voltou a rir alto, enquanto ela se voltava agora nervosa com o segurança.
— EU NÃO TE DEI AUTORIZAÇÃO PRA ISSO, BODE! — disse, para Austin.
— Pirralha, você está atrapalhando o trabalho do senhor Tiberius. — falou o garoto, agora recuperando o fôlego depois de tanto rir. — Deixe ele cuidar do trabalho, que meu turno acaba em… — ele olhou com desdém para um relógio. — Agora.
— Mas não é só você que cuida da torre? — indagou Agnes.
O rapaz preparava-se para ir embora, mas voltou.
— Por isso mesmo, eu que determino meu horário de descanso. — falou, bem articulado. — E é cruel fazer alguém trabalhar direto por… Hm… Quarenta minutos.
— Eu vou dedurar você para o Guildmaster, dizer que não está cumprindo seu trabalho. — falou a garota, confiante.
— E eu vou dizer que você está sendo ótima no seu. — respondeu Austin. — Que é ser uma Bestinha.
— Bestinha. — repetiu Tiberius, sorrindo.
— AHHHHHHHHH SEU DESGRAÇADO!

...
O deslizar do pincel pela tela áspera acalmava Vincent. Ele adorava a paz do período noturno. A guilda era interessante durante o dia, mas sempre cheia de obras, crianças brincando, Theodore correndo para lá e para cá. Quando o sol se punha, todos focavam mais em suas próprias atividades e viviam em seu tempo. Vincent, sobretudo, era um dos membros que gostava de aproveitar seus picos de inspiração para ficar às vezes praticando suas atividades artísticas de madrugada, quando tinha a oportunidade. Ainda era relativamente cedo, os membros concluíam seus afazeres para então relaxar.
O rapaz encarava um vaso enquanto cuidadosamente reproduzia desenhando aquilo que via. Misturava as cores com calma, tinha toda a cautela do mundo para adquirir o tom desejado. Uma lanterna velha iluminava exatamente o ponto que desejava para o vaso, e se não por uma outra luz fraca presa ao teto, seu ateliê estava inundado em uma penumbra. Ele gostava disso, deixava tudo mais reconfortante. O espaço era pequeno e bem bagunçado – tintas para todos os lados, quadros antigos, esculturas não terminadas, materiais de desenho e por aí vai. Mas ele gostava, era seu pequeno refúgio dentro daquela guilda que só crescia a cada dia.
— Que belo uso das cores.
Vincent deu um salto com o susto. Não tinha ouvido ninguém se aproximar, e a porta estava fechada. Correu os olhos arregalados pelo espaço pequeno, mas não encontrou nenhuma pessoa. De repente, parecia ver um par de olhos em um ponto do ateliê, e antes que soltasse um berro de susto, viu um ser tomando as formas aos poucos de um rapaz de mesma estatura que ele, vestido em uma capa que parecia ajudar em sua camuflagem. Seus grandes olhos verdes se escondiam entre as vestes.
— Desculpe, não quis assustá-lo! — disse o moço.
— Bem, deveria ter pensado nisso antes de entrar escondido no meu ateliê. — rebateu Vincent, colocando a mão no peito para sentir as batidas aceleradas de seu coração.
— Queria apenas observar um pouco, mas fiquei fascinado com suas habilidades, e esqueci que estava meio que escondido. — o outro deu uma risada. — Meu nome é Pascal, e sou Pokémon do jovem Elliot, novo amigo dos outros garotos.
— Um membro novo. Por isso não o conhecia. — comentou o Smeargle. — Eu sou Vincent, muito prazer. — e apertou sua mão. — Deixe-me dizer que sua habilidade também é notável. Consegue se camuflar em qualquer tipo de cenário?
— Praticamente. — assentiu o outro.
— Incrível. Deve ser ótimo para fugir de reuniões quando você precisa terminar uma escultura e não teve tempo para fazer isso. — ponderou o pintor.
O Kecleon coçou a cabeça.
— Eu nunca tentei com esse propósito, mas…
— Senhor Vincent? — uma voz chamou por trás da porta de madeira.
O Smeargle caminhou tranquilamente até a entrada, revelando um jovem pálido e de roupas claras e limpíssimas. O menino corou, um pouco tímido, enquanto carregava um buquê de flores.
— Desculpe, eu só queria deixar essas flores que você encomendou para uma pintura… Perdão por atrapalhar. — disse Eryx, entregando o buquê.
O Smeargle pegou o ramalhete, com flores imensas em um tom de amarelo vivo. Eryx entendia como ninguém de flores devido ao seu tipo e sua espécie, e conseguia cultivar as mais belas plantas para propósitos decorativos para a guilda.
— Imagina, eu estava só procrastinando. — comentou o rapaz, colocando as flores no vaso que antes pintava. — Esse é o Pascal, um membro novo.
Eryx encarou aqueles olhos verdes reptilianos com curiosidade.
— Ah, sim. Bem-vindo. — acentou, tímido.
— Obrigado. — respondeu ele, possivelmente sorrindo, mas era difícil dizer com sua boca coberta. — Já está ficando tarde, vou deixá-los fazerem seu trabalho. Uma boa noite!
Após uma simpática despedida dos demais, o Kecleon saiu caminhando rumo aos dormitórios. Eryx auxiliou Vincent a arrumar as flores de uma maneira mais bonita para que fossem pintadas. Ele havia especialmente usado seus poderes para que elas durassem um pouco mais de tempo e não murchassem rápido, sem que a pintura estivesse concluída. Quando percebeu que estavam sozinhos, Eryx levantou o olhar.
— Ele está há muito tempo na guilda? — inquiriu, com a voz forçando naturalidade.
— Algum problema? — indagou por cima o Smeargle.
— Não sei, tenho um pressentimento estranho sobre ele. — falou, acanhado. — Desculpa, meus poderes ficaram meio confusos desde a evolução, ainda não sei controlá-los direito.
— É um guerreiro que se camufla, deve confundir suas habilidades Fairy-type. — argumentou Vincent. — E obrigado pelas flores.
Após um sorriso, Eryx se retirou. Não era o tipo de membro que admirava muito o período noturno, mas precisava realizar mais uma entrega especial naquele dia antes de finalizar sua oficina. Foi para uma área mais importante dos dormitórios, encontrando Mary sentada pensando em uma escada.
— Mary? — perguntou.
A Espurr revelou um sorriso ao encontrar o amigo, correndo para abraçá-lo.
— Eryx!
Ele puxou um pequeno buquê simples de flores, mostrando para ela.
— Você pediu que eu trouxesse isso? — perguntou.
— Sim, eu queria dar para o Neal de presente.
— O efeito delas é bem curto, não acho que vá resolver muitos problemas.
Mary cheirou as flores.
— Está perfeito.
Ela admirou as plantinhas. Tinham um cabo liso, mas as delicadas pétalas se acumulavam aos montes, deixando-a cheia e exuberante. Havia só umas três ou quatro, era um arranjo bem simples, prendendo todas com uma fitinha roxa. Mas Mary achava perfeito, justamente por sua delicadeza.
— Sabe, tenho sentido uma energia muito forte dele ultimamente. — disse Eryx. — E não é só pela evolução. Ele está passando por um momento muito difícil.
A garota assentiu, e permitiu que ele se retirasse. Em seguida foi até o quarto de Neal, saltitando enquanto cantava. Sabia que não eram flores quaisquer. Elas haviam sido encantadas pelos poderes de Eryx. O garoto era capaz de trazer diferentes efeitos a partir das plantas que cultivava. Apesar de não serem fortes o suficiente para vencer uma guerra, poderiam causar pequenas surpresas para que recebia, e trazer sorrisos singelos para as pessoas.
— Ei, Neal. — ela bateu na porta.
O Pupitar a recebeu, com a mesma expressão desgastada de antes. A menina não se abalou, piscando os grandes olhos púrpuros para ele.
— Trouxe isso pra você. — ela estendeu o buquê.
Ele apanhou, tentando ser gentil.
— Obrigado, Mary.
— É uma flor encantada. — disse a garota. — As brancas trazem paz e prosperidade.
Neal sentiu o aroma doce das flores. Notou, ao segurá-las perto de si, um efeito curioso, como se as pequenas partículas que inspirava dançassem em seu interior. Aquelas flores que Mary havia pedido tinham esse efeito. Elas eram capazes de tranquilizar, trazer um pequeno êxtase a quem recebia. E a menina queria muito que seu amigo tivesse esse sentimento naquele momento.
— Elas são muito bonitas. — ele admitiu. — Obrigado.
— Eu sei que você tá triste. — falou a menina, acanhada. — Mas não precisa ficar.
— Eu sei, Mary. — ele abriu um sorriso fino e frágil.
— Você é o guerreiro mais forte que eu conheço. — ela saltitou. — Vai dar um jeito de vencer o Magnar na próxima vez. Como você fala? “Perdemos a batalha, mas não a guerra”.
Neal sabia que muito em breve o efeito passaria. Logo voltaria a pensar em Magnar, e que suas estratégias estavam falhas – e o pior, antes de uma batalha decisiva em um ginásio. Ele sabia que as preocupações de sempre não demorariam a voltar à sua mente. Mas permitiu aproveitar-se daqueles curtos instantes de felicidade para esquecer de tudo, sentir aquele cheiro docinho e o carinho de sua melhor amiga lhe permitindo dar um sorriso sincero como há muito tempo não fazia.
— Obrigado, Mary.

Kecleon



Pascal é o Kecleon de Elliot, e primeiro Pokémon do garoto. Encontrou com Serena e sua Espurr enquanto enfrentava uma horda de Roggenrola sozinho, sendo derrotado e salvo pelas duas.

Antecedentes

Sabe-se que foi recebido por Elliot quando mais novo. Mais detalhes são ainda desconhecidos.

Estratégias e Envolvimento em Batalhas

Raramente entra em batalhas, apenas quando essencialmente, por conta de ser o primeiro Pokémon de Elliot. Suas técnicas de camuflagem e adaptação a depender do ambiente e do adversário o tornam um guerreiro muito versátil e imprevisível.

Royal Emperium

Pascal é um membro recente e curioso da guilda. Levando em consideração que seu treinador ingressou apenas recentemente no grupo, alguns membros ainda não tem conhecimento de sua presença. Devido às habilidades de sua espécie, é capaz de se ajustar a vários contextos e serviços dentro do grupo, sendo um membro notável desde sua entrada. Por este mesmo motivo, é difícil que os demais Pokémon definam sua personalidade e gostos, uma vez que é completamente adaptável.

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